Relações públicas e propaganda

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Propaganda
Propaganda

Relações Públicas (RP) é uma ferramenta de marketing utilizada por muitos negócios para providenciar informação acerca dos seus produtos e serviços ao público. Essa informação surge muitas vezes na forma de um Comunicado de Imprensa e tem a intenção de gerar interesse e possibilidade de compra dos produtos ou serviços da Organização.

Os Comunicado de Imprensa também são utilizados por entidades não-comerciais, como a Organização Mundial de Saúde (OMS), por exemplo, que apresenta notícias no sentido de notificar acerca de temas como os últimos “surtos de doenças”.

O site do Chartered Institute of Public Relations [1] define RP como “(…) a disciplina que cuida da reputação, com o objectivo de ganhar compreensão nas formas de influenciar a opinião e o comportamento.”

Samuel Epstein
Samuel Epstein

No seu livro “Toxic Beauty”, Samuel Epstein refere as organizações que utilizaram RP para proteger as suas reputações:

“A FDA (Food & Drug Administration), NCI (National Cancer Institute) e ACS (American Chemical Society) gastam milhões de dólares em serviços de RP na tentativa de tranquilizar o público, tentando demonstrar que estão a fazer um bom trabalho, apesar da falta de progresso no mesmo”.

A Propaganda, que se diz ser diferente de RP, é definida pelo dicionário Oxford como: [3]

“Informação falsa ou exagerada, usada para ganhar apoio para um causa ou ponto de vista político”.

A função da propaganda é portanto “informar o público”, mas fazendo-o com o propósito de promover uma causa ou uma “Agenda” específica.

A principal diferença entre RP e Propaganda parece ser que a última envolve o uso deliberado de informações falsas e/ou enganosas. Por outras palavras: a propaganda pretende ser enganosa.

No entanto, as RP e a Propaganda têm por base uma função semelhante:

Influenciar as pessoas a fim de atingir um determinado objetivo.

Edward Bernays
Edward Bernays

Essa semelhança pode ser amplamente atribuída a Edward Bernays, muitas vezes referido como o “Pai das Relações Públicas” que escreveu um livro intitulado “Propaganda” no qual afirma que [4]:

“A manipulação consciente e inteligente dos hábitos e opiniões das massas é um elemento importante na sociedade democrática. Aqueles que manipulam este mecanismo invisível da sociedade constituem um governo invisível que é o verdadeiro poder governante do país”.

Ele continua com a seguinte declaração:

“Somos governados, as nossas mentes moldadas, os nossos gostos formados, as nossas ideias sugeridas, em grande parte, por homens de quem nunca ouvimos falar”.

John Stauber e Sheldon Rampton explicam no livro “Trust Us, We’re Experts” [5]:

“Para entender as manipulações que são praticadas actualmente em nome da ciência é preciso entender os hábitos e práticas de uma classe particular de especialistas na manipulação da própria percepção – a saber, a indústria de RP“.

Percebeu-se que as opiniões e crenças podem ser relativamente fáceis de manipular por pessoas percepcionadas como uma “figuras de autoridade” ou “especialistas“. Isso é explicado em mais detalhes no livro [5]:

“Quando os psicólogos exploraram a relação entre indivíduos e figuras de autoridade, descobriram que pode ser perturbadoramente fácil para falsos especialistas manipularem o pensamento e comportamento dos outros”.

Um excelente exemplo clássico de investigação desta natureza é a série de experiências conduzidas pelo psicólogo Stanley Milgram (1963) [6]. O objetivo das suas experiências era determinar até que ponto os participantes do estudo obedeceriam às instruções dadas por uma “figura de autoridade“, embora as suas ações parecessem infligir dor a outras pessoas. Deve-se notar que ninguém foi realmente ferido. Essas experiências revelaram um nível perturbadoramente alto de confiança pública dos participantes na “figura de autoridade“, que estava apenas a desempenhar um papel para o propósito.

Stanley Milgram
Stanley Milgram

O facto de que a maioria das pessoas confia em “figuras de autoridade” tem sido explorado por certos “interesses” de várias formas, principalmente garantindo que as informações que desejam que o público acredite sejam apresentadas por “especialistas” que representam um “órgão competente“.

A OMS e o Banco Mundial são vistos como “oficiais” e portanto, o público acreditará cegamente nos relatórios emitidos por essas organizações, não percebendo que as mesmas fazem parte da “Agenda“.

Os meios de comunicação socialoficiais” funcionam da mesma forma. E por último, os vários “Fact Checkers” que crescem como uma praga desordenada e vivem para censurar tudo o que seja dissonante das narrativas oficiais. E ainda que, por muito pouco fundamentados que estejam, induzem em erro uma boa franja da população, condenando ao ostracismo vários trabalhos de investigação realizados com mérito.

Fact Checkers como o Polígrafo utilizam muitas das vezes falsos “especialistas” ou escolhem convenientemente indivíduos cujo a opinião já é à partida enviesada ou com conflitos de interesse, para justificar a censura de determinada informação.

Outra estratégia utilizada envolve desviar a atenção pública das verdadeiras causas de certos problemas (por exemplo, poluição ambiental), como Andrew Rowell indica no livro “Green Blacklash” [7]:

“Também é função das empresas de RP transferir a culpa da poluição dos seus clientes corporativos para o público em geral”.

Uma estratégia de propaganda envolve a criação de uma campanha que inclui relatórios de “especialistas” para difamar qualquer um que desafie a visão do “consenso“, desacreditando o seu trabalho. Essa tática tem sido utilizada para desacreditar cientistas e outros [verdadeiros] especialistas no seu campo.

Rachel Carson
Rachel Carson

Um excelente exemplo dessa estratégia são as ações realizadas pela indústria química ao desacreditar Rachel Carson após a publicação de “Silent Spring” [8].

Aqueles que criticam a ortodoxia oficial são cruelmentes ridicularizados e descartados como sendo “não-científicos“.

Torna-se claro que as campanhas de RP são utilizadas frequentemente para desacreditar o trabalho daqueles que se atrevem a desafiar o “consenso” em praticamente qualquer campo da sociedade. Mas a inclusão de informação enganadora nessas campanhas indica que se tratam, na verdade, de campanhas de propaganda que desinformam intencionalmente o público sobre questões que afectam as vidas de todos.

Todas estas estruturas, que se têm vindo a desenvolver ao longo dos anos e cujo os tentáculos se estendem ao longo das redes sociais, meios de comunicação social, governos e entidades públicas, funcionam da mesma forma, tornando-se assim cada vez mais difícil para o cidadão comum aceder a informação isenta, tomando a propaganda como verdade inatacável.

Fontes:

[1] «CIPR – Chartered Institute of Public Relations»

[2] Samuel Epstein (2009). Toxic Beauty: How Cosmetics and Personal-Care Products Endanger Your Healthand What You Can Do About It.

[3] «propaganda – noun», Oxford Learner’s Dictionaries

[4] Edward Bernays (1928). Propaganda.

[5] Sheldon Rampton, John Stauber (2002). Trust Us We’re Experts: How Industry Manipulates Science and Gambles with Your Future.

[6] Milgram, S. (1963). Behavioral study of obedience. Journal of Abnormal and Social Psychology, 67, 371-378.

[7] Andrew Rowell (1996). Green Blacklash.

[8] Rachel Carson (1962). Silent Spring.

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