Stewart Campbell, um céptico, argumentou que os objectos relatados por Arnold poderiam ser miragens provocadas pelos diversos picos nevados da cordilheira Cascade. Os cálculos de velocidade feitos por Campbell determinaram que os objectos viajavam, mais ou menos à mesma velocidade que o avião de Arnold, indicando que os objectos estavam de fato, estacionários. As miragens poderiam ser causadas por inversões de temperatura nos diversos vales profundos no horizonte.
É verdade que quando Arnold virou o seu avião para voar em paralelo ao aparente curso N-S dos objectos, o rumo em relação às montanhas, muito distantes, mudariam em uma taxa angular muito mais lenta do que em relação aos picos mais próximos, ou seja, conforme os marcos em terra ficassem atrás da asa esquerda, a paralaxe faria com que os marcos de terra se deslocassem relativamente no sentido oposto. Uma vez que miragens afectam a elevação visual mas preservam o rumo visual, imagens de miragens causadas pelos picos distantes poderiam parecer acompanhar o avião. Entretanto, Arnold disse ter visto primeiro os objectos cruzarem o nariz do avião rapidamente no sentido N-S antes que ele virasse para o sul para observa-los pelo lado aberto da carlinga. A paralaxe não explica isso. Disse ainda que viu os objectos voarem em frente ao Monte Rainier, podendo ser visto de perfil enquanto brilhavam contra a neve do monte. Isso seria impossível para miragens de picos montanhosos a milhas de distância a leste.
Outro céptico, Philip J. Klass, citado num artigo de autoria de Keay Davidson, do San Francisco Examiner, argumentou que Arnold poderia ter se equivocado com meteoros em 24 de Junho de 1947. Refutando, o físico óptico Bruce Maccabee ressaltou que uma teoria envolvendo meteoros exigiria velocidades e durações baixas impossíveis para meteoros cintilando em uma trajectória horizontal.
Em 2000 James Easton sugeriu que Arnold talvez tivesse se confundido com pelicanos: os pássaros vivem na região de Washington, são bem grandes (aberturas de asas de mais de 3m não são incomuns), praticamente não têm cauda, apresentam um ventre claro que pode reflectir a luz, podem voar a altitudes razoavelmente grandes e podem aparentar um perfil em forma de crescente durante o voo. [1]
Rebatendo qualquer explicação envolvendo pássaros, Maccabee argumentou que é impossível para um pássaro brilhar a ponto de cegar, como relatado por Arnold, tendo sido o extremo brilho dos objectos o que primeiro atraiu a atenção do piloto. No entanto, o próprio Arnold prestou declarações que favorecem a teoria dos pássaros: ele disse explicitamente que não teve a impressão “de que esses flashes fossem emitidos pelos objectos, mas ao invés disso, eram o reflexo do Sol oriundo da superfície altamente polida das suas asas.” E em 1967, numa edição especial da revista Look, disse: “A impressão que eu tive depois de observar esses estranhos objectos uma segunda vez foi que eles eram algo vivo, ao invés de máquinas.” Além disso, é bem provável que os cálculos de distância e velocidade extraordinárias feitos dos objectos por Arnold estejam simplesmente errados. De acordo com o físico J. Allen Hynek:
“Arnold desenhou os objectos com forma definida e declarou que os objectos pareciam vinte vezes mais compridos do que largos, calculando-os com 45–50 pés de comprimento. Também calculou a distância de 20–25 milhas e cronometrou-os como deslocando-se a 46 milhas em 102s (1700mph). Se a distância fosse correcta, para que os pormenores pudessem ser vistos, os objectos deveriam ter um tamanho de 100 x 2.000 pés. Se adoptarmos um tamanho razoável, o próprio cálculo de Arnold de 50 pés de comprimento, aproximadamente 3 pés de largura, os objectos deveriam estar mais perto do que a uma milha, obviamente contrário ao seu relatório. Se adoptarmos um tamanho limite razoável dos objectos de 20 x 400 pés, os objectos deveriam estar mais perto do que a 6 milhas para poderem deixar ver os pormenores indicados por Arnold. A esta distância, a velocidade angular observada corresponde à velocidade máxima de 400 mph. Assim, com toda a probabilidade, os objectos estavam muito mais perto do que se pensava e deslocavam-se definitivamente a velocidade sub-sónica.” [2]
NOTAS:
[1] http://www.ufoupdateslist.com/2000/apr/m07-018.shtml
[2] STEIGER, Brad. Projecto Livro Azul. Lisboa: Portugália, p. 37.
Índice do Caso Kenneth Arnold: https://paradigmas.online/?p=151