A crise económica e Política pela qual o Brasil atravessa neste momento é “em grande parte forjada, mentirosa, induzida. Não corresponde aos factos”, afirma o teólogo Leonardo Boff. Segundo ele, a crise é amplificada por uma dramatização da Imprensa. “Essa dramatização que se faz aqui é feita pela Imprensa conservadora, golpista, que nunca respeitou um governo popular. Devemos dizer os nomes: é o jornal O Globo, a TV Globo, a Folha de São Paulo, o Estadão, a perversa e mentirosa revista Veja“.
Em entrevista à rádio Brasil Atual a 9 de Março de 2013, o teólogo disse que, no entanto, o actual nível de acirramento no cenário político não preocupa porque, para ele, comparado a outros contextos históricos, a “democracia amadureceu”. Ele diz acreditar, ainda, na emergência de uma “nova consciência Política“.
Boff também considera que o cenário brasileiro é bastante diferente da Grécia, Espanha e Portugal, onde são cometidos centenas de suicídios, devido ao encerramento de pequenas empresas e do desemprego, e até mesmo de países centrais, como os Estados Unidos, que vêem a desigualdade social avançar.
“A situação não é igual a 1964, nem igual a 1954. Agora, nós temos uma rede imensa de movimentos sociais organizados. A democracia ainda não é totalmente plena porque há muita injustiça e falta de representatividade, mas o outro lado não tem condições de dar um golpe”, compara.
Para Boff, não interessa aos militares uma nova empreitada golpista. Restaria ao campo conservador a “judicialização da Política“. “Tem que passar pelo parlamento e os movimentos sociais, seguramente, vão encher as ruas e vão querer manter esse governo que foi legitimamente eleito. Eles têm força de modificar o parlamento, dissuadir os golpistas e po-los fora”, afirma.
Sobre a manifestação em que se bateram utensílios metálicos uns contra os outros, ocorrido no domingo 8 de Março de 2013, durante o discurso da presidente Dilma Rousseff para o Dia Internacional da Mulher, Boff afirma que: “o protesto é totalmente desmoralizado, é feito por aqueles que têm as panelas cheias e são contra um governo que faz políticas para encher as panelas vazias do povo pobre”.
O teólogo afirma que a manifestação expressa “indignação e ódio contra os pobres” e são símbolo da “falta de solidariedade” afirmando “A manifestação veio exactamente dos mais ricos, daqueles que são mais beneficiados pelo sistema e que não toleram que haja uma diminuição da desigualdade e que gostariam que o povo ficasse por baixo”.
Sobre o acto programado pela CUT e movimentos sociais para Sexta-Feira dia 13 de Março de 2013, Leonardo Boff diz que a importância é reafirmar os valores democráticos e a defesa da soberania do país: “Aqueles que perderam, as minorias que foram vencidas, cujo projecto neoliberal foi rejeitado pelo povo, até hoje, não aceitam a derrota. Eles que tenham a elegância e o respeito de aceitar o jogo democrático”.
O teólogo frisa, mais uma vez, não temer o golpe: “É o golpe virtual, que eles fazem pelas Redes Sociais e pela Imprensa, inventando, fantasiando e projectando cenários dramáticos, que são as projecções daqueles que estão frustrados e não aceitam a derrota do projecto que era anti-povo”.
Fonte: Redebrasilatual.com.br