Se a tradição xamanista de profecia inspirada faz recordar os tempos idos do caçador-ceifeiro, uma corrente paralela de adivinhação pode ser formalizada desde, pelo menos, as primeiras sociedades organizadas. A Suméria, a Babilónia e o Egipto, todos eles tinham os seus adivinhos profissionais. Enquanto os profetas confiavam numa voz interior para se orientarem, os adivinhos serviam-se de bases estruturadas que lhes providenciavam métodos estabelecidos para prever o que estava para acontecer. Por vezes, estes sistemas garantiam ter a Ciência do seu lado: a Astrologia clássica e os sistemas de calendários dos Astecas e Maias, por exemplo, apresentavam um formidável raciocínio matemático e, para a época, um avançado conhecimento dos céus. Outras tradições, tais como o augúrio romano ou as premonições druídicas, procuravam desvendar a vontade dos deuses através dos fenómenos efémeros da Natureza. Na China, o I Ching recorreu a tradições locais de sincronismo e à noção de que tudo o que sucede em determinado momento está, de certa forma, interligado. Contudo, o sistema mais puro de todos era a cristalomancia. Ao olhar fixamente para espelhos ou bolas de cristal, os adivinhos tentavam vislumbrar o futuro nas suas próprias mentes, impassíveis com quaisquer considerações a não ser a projeção das intuições subconscientes.
Fonte: Livro «As Profecias que Abalaram o Mundo» de Tony Allan