O grafíti é um Fenómeno muito antigo e, por essa razão, o aparecimento das palavras «Lembrem-se de Pearl Harbor» pintadas no passeio em frente à entrada da escola primária de Owensville, Indiana, podia não parecer, por si só, algo de notável. Porém, o mais surpreendente nesta história é a data em que a mensagem foi escrita: 7 de Dezembro de 1939, dois anos antes do ataque japonês à base naval norte-americana no Havai.
A menos que alguém do local tivesse motivos pessoais para solenizar a base naval para recordação ou que as memórias posteriores do acontecimento estivessem, pura e simplesmente, erradas, o aparecimento precoce da mensagem pareceria sugerir um caso de precognição. Se assim for, o exemplo está longe de ser único. Existem registos de vislumbres antecipados de catástrofes desde os tempos clássicos e até mesmo antes. O Fenómeno está intimamente ligado às premonições de morte, mas ocorre a uma escala maior, envolvendo Guerras, crimes de violência e catástrofes naturais, assim como o destino de indivíduos.
Um profeta da fatalidade
Um exemplo antigo de um vidente cujas previsões acabaram por se revelar corretas provém dos relatos sobre a Guerra Judaica do historiador judeu-romano Josefo. Este conta que um certo Jesus, filho de Ananias, começou a profetizar a tragédia para Jerusalém quatro anos antes da revolta do ano 66 da Era Cristã, que resultou na destruição do templo por legionários romanos e, ainda, na própria diáspora judaica. Jesus, filho de Ananias, foi preso e torturado, mas continuou a prever a desgraça para a cidade antes e depois da luta, até à altura do próprio cerco de Jerusalém. Com a tragédia que previra com tanta antecedência a ocorrer, de facto, à sua volta, foi finalmente silenciado quando, durante a batalha, uma pedra o atingiu mortalmente na cabeça.
Assassinato previsto
Talvez devido à sua brusquidão e qualidade dramática, os assassinatos políticos parecem ser parte essencial de Sonhos e visões. A previsão deste tipo mais conhecida nos últimos tempos foi a morte do Presidente dos EUA John F. Kennedy, em Dallas, no mês de Novembro de 1963. A previsão foi enunciada por Jeanne Dixon, uma clarividente norte-americana que ganhara fama pelas suas colunas em jornais e presenças assíduas na televisão. Na sua biografia autorizada, escrita alguns anos após a morte de Kennedy, Jeanne Dixon afirmou ter tido repetidas premonições da tragédia, que tiveram início onze anos antes do acontecimento e que culminaram no próprio dia fatal, quando supostamente contou a duas senhoras da Sociedade com quem estava a almoçar que algo de tenebroso estava prestes a ocorrer. Chegou, especificamente, a citar uma entrevista que dera à revista Parade em 1956, na qual afirmou ter previsto que «um Presidente democrata de olhos azuis eleito em 1960» seria assassinado.
Na verdade, a reportagem publicada não era tão específica, referindo: «Quanto às eleições de 1960, Jeanne Dixon julga que serão dominadas pelo Partido Trabalhista, mas serão ganhas por um democrata. Porém, este será assassinado ou morrerá no posto, embora não necessariamente no primeiro mandato.» A exactidão de tal previsão é, ainda assim, impressionante. Porém, perde-se um pouco dessa admiração quando se tem em conta a bem conhecida corrente de coincidências que inclui todos os Presidentes dos Estados Unidos mortos durante o mandato, desde Lincoln, eleitos num ano terminado em zero. Além do próprio Kennedy (1960), também Lincoln (1860), Garfield (1880) e McKinley (1900) foram assassinados; Warren Harding (1920) e F. D. Roosevelt (1940) morreram no exercício do cargo. A corrente foi finalmente quebrada por Ronald Reagan (1980), que sobreviveu a uma tentativa de assassinato em 1981 e cumpriu dois mandatos na Casa Branca.
De certa forma, a história de John Williams, um engenheiro de minas de Redruth, na Cornualha, sudoeste da Inglaterra, traduz-se num caso mais convincente de previsão. Na noite de 11 de Maio de 1812, sonhou que estava na Câmara dos Comuns em Westminster na presença de um homem baixo de casaco azul e colete branco. Entretanto, um homem de casaco castanho com botões amarelos desembainhou uma pistola e disparou sobre o homem mais baixo. O atirador foi, então, capturado e Williams lembrou-se de ouvir dizer que o homem atingido era «o ministro». Ao acordar, contou o sonho à esposa e voltou a adormecer, somente para presenciar a mesma cena mais duas vezes. No dia seguinte, relatou a história a todas as pessoas que encontrou.
Mais tarde, nesse mesmo dia, Williams esteve com o filho, que regressava de Truro com notícias que tinham acabado de chegar de Londres através de mala-posta. Houvera um assassinato na Câmara dos Comuns, na noite anterior. A vítima era Spencer Perceval, primeiro-ministro inglês e ministro das Finanças, que fora atingido mortalmente por um corretor falido de Liverpool, John Bellingham. Embora não conhecesse nenhum dos dois homens, o sonho de Williams correspondia na perfeição à descrição do par e respectivas roupas. Durante uma visita posterior a Londres, Williams ainda foi capaz de identificar o local onde ocorrera o assassinato sem que ninguém lho revelasse.
Premonições de catástrofes
Os acidentes em terra, no mar ou ar são, como tema de Sonhos premonitórios, provavelmente tão comuns como os assassinatos políticos. Existem muitos relatos de pessoas que se salvaram porque um sexto sentido as impediu de entrar num comboio, navio ou avião que, mais tarde, sofreram um acidente. Se for dada credibilidade a uma investigação intrigante conduzida por um matemático norte-americano em 1960, o número pode mesmo ascender a milhares. William Cox estudou os números relativos a passageiros a viajarem em comboios que tinham sofrido um acidente e, de seguida, comparou-os com a quantidade de passageiros nos mesmos comboios em dias normais. Descobriu que havia significativamente menos pessoas a bordo nos dias em que ocorreram acidentes. Por exemplo, um comboio de Chicago e Illinois conhecido como o Georgian teve um acidente a 15 de Junho de 1952 com apenas nove passageiros a bordo; a média de passageiros desse mesmo comboio nas quatro semanas anteriores fora de quase 50. Embora muitos factores, como condições atmosféricas, possam ter influenciado o número de passageiros, Cox acreditava que os dados evidenciavam a existência de um Fenómeno de «evitar acidentes» baseado em premonições subconscientes.
A noção de previsões únicas e individuais de desastres, muitas vezes à distância, é mais rapidamente aceite. Um caso bem conhecido envolveu um habitante de Cincinatti de 23 anos, David Booth, que, durante dez noites seguidas, sonhou com a queda de um avião da American Airlines. Convencido de que este pesadelo era premonitório, apressou-se a contactar a empresa aérea e a autoridade para a aviação federal para alertar contra o perigo iminente, mas infelizmente não foi capaz de dar detalhes quanto à hora e local do acidente. Na verdade, acabou por ocorrer três dias após as chamadas, no dia 25 de Maio de 1979, no aeroporto O’Hare de Chicago. O DC-10 da American Airlines despenhou-se ao descolar, provocando a morte a 273 pessoas, o pior desastre da aviação norte-americana até então.
Muitas foram as tentativas de criar um centro de premonições que pudesse beneficiar de revelações como a de David Booth, mas todas elas fracassaram devido à falta de dados específicos nos avisos recebidos. Sem detalhes físicos e temporais precisos, nem mesmo as autoridades mais receptivas à ideia podiam agir com base em avisos sonhados, por muito convincentes que fossem.
Uma catástrofe bastante estudada depois de ter sucedido foi a tragédia que atingiu uma comunidade mineira gaulesa pouco depois das nove horas da manhã de 21 de Outubro de 1966. Depois de dois dias de chuvas fortes, resíduos de carvão empilhados num monte de escória perto de Aberfan deslizaram por uma colina no limiar de uma aldeia, soterrando uma escola primária, toda uma fileira de moradias em banda e uma quinta. Ao todo, 28 adultos e 116 crianças morreram soterradas.
Após a avalanche, um psiquiatra londrino solicitou relatos de premonições do desastre. Recebeu 76 respostas, sendo que 60 das quais considerou serem merecedoras de investigação. Depois de recolher relatos mais detalhados e procurar testemunhas corroborativas, estava preparado para considerar 24 premonições credíveis pelo facto de terem sido comunicadas a terceiros antes da tragédia. Quase todas estas visões tinham ocorrido em Sonhos. Um homem idoso vira a palavra «Aberfan» escrita em luzes brilhantes; uma mulher de Kent viu uma aparição momentânea de uma escola soterrada por uma avalanche de carvão; um espírita de Devon afirmou ter visto um menino apavorado ao lado de um socorrista de boné com pala, um par que reconheceu após a intervenção de socorro receber cobertura televisiva.
A história mais triste de todas é contada pela mãe de uma das crianças mortas. Duas semanas antes da tragédia, a filha de nove anos acordara de um sonho para anunciar que não tinha medo de morrer porque sabia que estaria com os amigos. Eis que, na véspera da tragédia, a criança teve outro sonho: desta vez, vira a escola envolta em negrume. A menina morreu na escola nessa manhã; com ela estavam os amigos cujos nomes dissera à mãe.
Sonhos equivocados
A par de previsões correctas, a História conta com vários exemplos de Sonhos premonitórios que se revelaram totalmente errados. O historiador romano Valério Máximo referiu que Aníbal foi encorajado por uma figura angélica, que lhe apareceu em sonho, a liderar as tropas de Cartago, a sua terra natal, para invadir a Itália, em 219 a. C. «Ide!», disse-lhe a aparição, «Os fados são para ser cumpridos.» Aníbal obedeceu, mas, apesar de uma campanha brilhante, não conseguiu destruir Roma. Acabou por ingerir veneno para evitar a humilhação da derrota e captura.
Da mesma forma, no Século V a. C., o imperador persa Xerxes foi instigado por uma figura, que lhe apareceu durante o sono, a invadir a Grécia, contra os conselhos dos seus generais. Segundo o historiador Heródoto, a aparição surgiu duas vezes perante Xerxes e, posteriormente, perante o seu conselheiro Artabano com a mesma mensagem. No entanto, as forças militares do imperador sofreram desastrosas derrotas nas batalhas de Salamina e de Platéia e foram expulsos da Grécia, colocando um fim ao sonho persa de conquistar o país.
David Booth, pressagiador da queda do DC-10 da American Airlines, citado no livro Predictions, de Joe Fisher:
«Não foi como um sonho. Foi como se ali estivesse a assistir a tudo, como se a ver televisão.»
Fonte: Livro «As Profecias que Abalaram o Mundo» de Tony Allan