Se olharmos com atenção para os últimos séculos da História da humanidade, esta foi marcada por longos ciclos imperiais, onde um império dominava o cenário mundial a nível político e económico durante um período (cerca de um a dois séculos), após o qual se dava a sua queda e consequente ascensão de outro império. Desta forma, o império espanhol foi sucedido pelo holandês, que por sua vez, foi sucedido pelo britânico e assim por diante.
Os impérios espanhol, holandês, britânico e americano foram os quatro principais impérios coloniais da história moderna. Cada um deixou a sua marca no mundo em termos de moeda, economia, evoluções científicas, cultura, entre outras áreas.
Sucessão de Impérios
O Império Espanhol começou a formar-se no final do século 15, com a conquista da América Latina. Expandiu-se rapidamente nas Américas, Ásia e África, tornando-se um dos mais poderosos impérios do mundo no seu auge. A sua moeda foi o Real, que era amplamente utilizado na Europa e nas Américas. A economia do Império Espanhol foi baseada na exploração de recursos naturais, principalmente ouro e prata. O Império Espanhol também foi um importante centro de aprendizagem científica, com importantes avanços na astronomia, matemática e medicina. A cultura espanhola influenciou fortemente a América Latina, incluindo a língua, a religião e a música.
O Império Espanhol perdeu sua posição como a principal potência global no século 17, com a ascensão do Império Holandês. Tal deveu-se em parte ao declínio da economia espanhola e à perda de sua frota naval em batalhas. O Império Holandês emergiu como uma potência comercial global, controlando grande parte do comércio de especiarias e têxteis, além de ser uma força dominante na Ásia e na África.

O Império Holandês começou no século 17, com a formação da Companhia das Índias Ocidentais. A Companhia expandiu-se para a Ásia e África, criando uma vasta rede de comércio global. A moeda do Império Holandês era o Florim (Guilder), que foi amplamente utilizado na Europa e noutras partes do mundo. A economia do Império Holandês era baseada no comércio de especiarias, têxteis e outros bens. Foi também um centro de inovação científica, com importantes avanços em cartografia, navegação e engenharia. A cultura holandesa influenciou fortemente a arte, a arquitetura e a filosofia.
No entanto, o Império Holandês perdeu sua posição para o Império Britânico no século 18, devido em parte ao declínio da sua economia e ao aumento do poder britânico. O Império Britânico emergiu como a maior potência global do século XIX, com uma vasta rede de comércio e uma frota naval poderosa.
O Império Britânico começou no século 17, com a colonização da América do Norte e a formação da Companhia das Índias Orientais. Expandiu-se para a África, Ásia e Oceânia, criando a maior rede de comércio global da época. A moeda do Império Britânico era a Libra Esterlina, cujo uso foi generalizado pelo mundo, continuando a ser uma moeda importante até aos dias de hoje. A economia do Império Britânico era baseada no comércio de bens manufaturados, como tecidos e máquinas, além de matérias-primas, como carvão e algodão. O Império Britânico também foi um centro de inovação científica, com importantes avanços em medicina, física e biologia. A cultura britânica influenciou fortemente a língua, a política e a literatura.

O Império Americano sucedeu ao Império Britânico como a principal potência global após a Segunda Guerra Mundial. Tal deveu-se em parte à capacidade dos Estados Unidos de se recuperarem rapidamente da guerra, à sua economia industrial avançada e à sua posição como potência militar dominante, mas sobretudo pela sua posição geográfica, longe do centro das duas grandes guerras.
A economia do Império Americano é baseada no capitalismo e no livre mercado. Os Estados Unidos têm sido líderes em muitas áreas de inovação e evolução científica, incluindo tecnologia, medicina e indústrias criativas, e a cultura americana influencia o mundo em muitas áreas, incluindo música, cinema e moda. A sua moeda, o dólar, é a mais utilizada no comércio internacional, sobretudo na transação energética.
Conclusão
A sucessão dos impérios envolveu sempre conflitos militares e políticos, bem como mudanças significativas na economia global. A transição do Império Espanhol para o Império Holandês e o Império Britânico foi impulsionada pela ascensão do comércio global e pela competição por recursos naturais e rotas comerciais. A transição do Império Britânico para o Império Americano foi impulsionada pela ascensão dos Estados Unidos como uma potência econômica e militar global, bem como pela mudança do centro económico do mundo para a América do Norte.
Há muitas discussões sobre a possível sucessão do Império Americano para a crescente potência chinesa. A China tem experimentado um crescimento económico sem precedentes nas últimas décadas e tornou-se uma força cada vez mais dominante na cena mundial. Ainda é incerto se e como essa sucessão poderá ocorrer e quais seriam as implicações geopolíticas e económicas para o mundo, não olvidando que uma sucessão de impérios nunca aconteceu sem pelo menos uma grande guerra.
Assiste-se ao rápido declínio da potência norte-americana, e por consequência, de todo o chamado “mundo ocidental”. A maioria das novas ideologias e narrativas apoiadas pelo poder político ocidental, com o completo respaldo por parte dos meios de comunicação social, parece seguir uma linha de decadência, de uma forma tão flagrante que nos leva a indagar se tal não estará a ser feito propositadamente, acelerando a sucessão de impérios.

A transição de sociedades maioritariamente produtivas para maioritariamente consumistas e o consequente aumento do crédito, associado ao actual sistema financeiro em esquema de pirâmide, além das constantes “transgressões” geradas impunemente pela corrupção, são outro (se não o principal) sintoma da decadência ocidental.
Na vigência do domínio de um império, a sua moeda passa a ser utilizada globalmente, assim como se assiste à proliferação da sua cultura e “modus operandi”. Qual será a realidade globalizada de um mundo liderado pela China, cuja cultura socialista actual é marcada pela vigilância e controlo esmagadores da sua população, personificadas pelo seu sistema de créditos, crescentemente gerido pela tecnologia?
Para simplificar e por ser suficiente para o objectivo deste texto, elaboramos uma resenha histórica baseada naquilo que é comummente aceite como verdadeiro, sem entrar em meandros mais obscuros que tiveram a sua influência no decorrer da sucessão de eventos.
Fontes:
[1] “Empires and Globalization: A Study of the Spanish, Dutch and British Empires” por Geoffrey Parker
[2] “Empires in World History: Power and the Politics of Difference” por Jane Burbank e Frederick Cooper
[3] “The Rise and Fall of American Growth: The U.S. Standard of Living since the Civil War” por Robert J. Gordon
[4] “The End of American World Order” por Amitav Acharya
[5] “China’s Economy: What Everyone Needs to Know” por Arthur R. Kroeber
[6] “Principles for Dealing with the Changing World Order: Why Nations Succeed and Fail” por Ray Dalio