História
Normalmente, quem não se sente bem recolhe-se ao leito e submete-se ao calor. O repouso e o calor têm sido, desde sempre, um remédio caseiro contra a doença.
Por outro lado, a forma de aliviar a dor dos ferimentos recorrendo a água pura é algo que pode ser observado até nos animais.
Os terapeutas e curandeiros dos tempos primitivos já utilizavam o calor e o frio como forma de cura. As aplicações alternativas de calor e frio serviram desde muito cedo, aos nossos antepassados, como meios de purificação e fortalecimento.
Explicação dos Efeitos
Calor
Hoje, a Ciência está em condições de explicar o que, a este respeito, a experiência nos ensina: o calor faz dilatar os vasos sanguíneos, estimula a circulação do sangue e relaxa os músculos. Dessa forma, as vias nervosas que conduzem a sensação de dor são aliviadas dos estímulos de pressão.
Os receptores nervosos conduzem os estímulos de calor através das sinapses até ao centro da dor. Aí, desencadeiam-se processos químicos que atenuam as sensações de dor. Além disso, o calor estimula a reprodução celular.
Terapia de hipertermia
Com este método terapêutico, pretende-se proporcionar ao organismo doente a quantidade de calor de que necessita, mas não consegue produzir. Através da transpiração, o corpo procura compensar a hipertermia.
Terapia de indução de febre
A febre representa uma tentativa do organismo para eliminar, através da elevação da temperatura, os agressores externos. Não se deve, por isso, tentar reduzir a febre mal esta se manifesta, mas apenas quando se eleva ao ponto de haver riscos para o próprio organismo (a partir dos 40,5° C) ou se prolonga de tal forma que este pode ficar excessivamente enfraquecido.
O corpo necessita, manifestamente, do “impulso” revigorante da febre: as pessoas que raramente sofrem de estados febris padecem, muitas vezes, de infecções recorrentes que se curam com maior dificuldade.
Frio
Quando o corpo é sujeito a temperaturas baixas, os vasos sanguíneos contraem-se e os músculos retraem-se momentaneamente, para depois relaxarem. Ao mesmo tempo, as dores atenuam-se, pois os nervos responsáveis pelos estímulos de frio enviam as suas mensagens para o cérebro mais rapidamente do que os que conduzem as sensações de dor. Isto significa que, se uma zona da pele for sujeita a temperaturas muito baixas, não se sente nem frio nem dor.
O frio também estimula os batimentos cardíacos: o coração, batendo mais depressa, assegura que a temperatura geral do corpo não baixe. As temperaturas reduzidas dificultam temporariamente a actividade das glândulas, mas estimulam o funcionamento intestinal e atenuam as dores provocadas por inflamações. Têm ainda um efeito hemostático (ajudam a suster hemorragias) e facilitam a redução de edemas.
O estímulo do frio nalgumas zonas da pele tem ainda, através das vias de reflexo, um efeito sobre zonas do corpo distantes, fazendo com que a distensão muscular aumente e se reduza a circulação sanguínea. A sensação de frio estimula o sistema nervoso vegetativo.
Procedimentos
Calor
Para que possa exercer uma influência duradoura sobre a pele, o calor precisa de um material “condutor”. Para isso podem servir panos, água, lodo e argila, pois todos retêm o calor durante bastante tempo. Mas também as pomadas que estimulam a circulação, as lâmpadas de infravermelhos, as botijas de água quente e o calor da cama, por exemplo, podem atenuar as dores e contribuir para o processo de cura.
O efeito que o calor pode ter sobre o organismo depende, em muito, da idade da pessoa e da espessura da pele. Além disso, a hora do dia em que se faz a aplicação também desempenha um papel importante.
Os seguintes procedimentos terapêuticos utilizam, em maior ou menor grau, os efeitos benéficos do calor: aplicações de água, banhos, sauna e banho de vapor, massagens e terapia pela luz.
Terapia de hipertermia
Através do envolvimento a quente ou de um banho hipertérmico, as camadas externas da pele são aquecidas e a temperatura do corpo eleva-se cerca de 1º C. Isto “simula”, portanto, um estado febril moderado.
Também a sauna e o banho de vapor elevam, no momento do aquecimento, a temperatura geral do corpo. Na fase do arrefecimento, a temperatura volta a baixar. Esta acção exercita todos os centros funcionais do corpo.
Terapia de indução da febre
O terapeuta injecta no doente um produto imunoestimulante, que induz um estado febril. Desse modo, a temperatura interna do corpo eleva-se alguns graus.
Frio
Os tratamentos à base de temperaturas reduzidas podem ser efectuados utilizando água fria (cerca de 12º a 15º C), na forma de jactos de água, banhos e duches que alternem água fria e quente ou caminhadas na água. Também é possível utilizar gelo ou compressas arrefecidas até -18° C.
Áreas de aplicação
Terapia de hipertermia
Costuma utilizar-se no combate a constipações, gripes, dores abdominais, ciática, distensões musculares e nevrites, reumatismo não inflamatório e outras doenças.
Terapia de indução da febre
Propõe-se combater infecções crónicas, alergias, doenças intestinais e até cancro.
Limitações à aplicação
Uma face ligeiramente rosada e suores fortes não são motivo suficiente para interromper um tratamento à base de temperaturas elevadas. Mas se a temperatura do corpo subir repentinamente, o indivíduo não transpirar e tiver dores de cabeça e vontade de vomitar, existe o risco de perda dos sentidos. Nesse caso, deve tomar um duche frio e, depois, repousar devidamente tapado e sem secar o corpo.
Se o doente tiver distúrbios venosos (varizes), não se deve recorrer a tratamentos com temperaturas elevadas, pois isso poderia agravar o problema vascular.
No caso de tendinites e de outras inflamações agudas ou crónicas, este tipo de tratamento também não deve ser aplicado.
Frio
O frio é útil para inibir a formação de edemas (inchaços), ajuda a estancar hemorragias e atenua estados de dor. Também pode ser benéfico em casos de inflamações agudas. Estímulos de frio de duração reduzida provocam um aquecimento reactivo mais duradouro. A alternância entre calor e frio favorece a circulação.
A bexiga e o intestino devem ser esvaziados antes da aplicação de baixas temperaturas. Após o tratamento, é importante que o corpo seja reaquecido.
Limitações à aplicação
Só deve utilizar-se baixas temperaturas se o corpo estiver devidamente aquecido e se a temperatura ambiente não for inferior a 20° C. Se, durante o tratamento, a pele ficar branca em vez de adquirir um tom avermelhado e o doente estiver a tremer de frio, deve reaquecer o corpo imediatamente. Por exemplo, pode deitar-se e utilizar um saco de água quente ou movimentar-se activamente.
No caso de doenças infecciosas agudas (especialmente das vias urinárias), doenças cardiovasculares graves ou perturbações respeitantes à sensação de dor relacionada com o frio, não se deve recorrer a este tipo de terapia.
Em princípio, podem ser tratadas com calor ou breves aplicações de frio as doenças crónicas; e com temperaturas reduzidas os estados de doença agudos ou que impliquem dores extremas.
Riscos
Calor
Devido à sua constituição física, algumas pessoas não suportam tratamentos à base de temperaturas elevadas.
Terapia de hipertermia
O calor pode perturbar a função cardíaca – antes da aplicação, o terapeuta deve confirmar se a sua utilização é, efectivamente, segura.
Terapia de indução da febre
Iniciada a subida de temperatura, o corpo deixa de ser capaz de se proteger e a febre pode subir descontroladamente. As temperaturas superiores a 42° C são extremamente nefastas para o aparelho cardiovascular, podendo danificar os tecidos. E se o cérebro (nomeadamente devido a uma insolação) for exposto a temperaturas entre os 41° C e os 43° C, pode haver danos celulares irreversíveis, dando origem a delírios, convulsões e perda de consciência.
Frio
Se uma compressa fria permanecer demasiado tempo em contacto com a pele, esta pode enregelar. A pele e as articulações devem ser sempre protegidas do efeito directo das temperaturas reduzidas, por meio de um pano seco.
O que dizem os críticos?
As aplicações de calor, de frio e de alternância de temperaturas são, quando utilizadas correctamente, métodos terapêuticos válidos e comportam poucos efeitos secundários.
Terapia de indução da febre
A eficácia deste método no caso das doenças já mencionadas não está cientificamente comprovada. Os eventuais efeitos secundários – náuseas, problemas de circulação, tromboses, embolias pulmonares, reacções alérgicas – são desagradáveis e/ou perigosos e implicam riscos elevados. Já houve mortes devidas à utilização da terapia da indução de febre, mesmo em casos em que havia acompanhamento médico.
Recomendações
As terapias à base de temperaturas elevadas e reduzidas são aconselháveis como métodos de prevenção e sobretudo, como terapias de estimulação ou regulação.
Também são adequadas para auto-tratamento em diversas situações da vida quotidiana em que há queixas e dores.
A terapia de indução da febre é perigosa e, por isso, não é aconselhável.
Fonte: LIVRO: «Terapias Complementares e Alternativas – Utilidades e Riscos» da PROTESTE