Quando o galeão carregado de tesouros entrou no canal entre Serranilla e Pedro Shoals, ventos furiosos abateram-se sobre ele, ventos que tinham só um significado – furacão. O Genovese era levado para oriente por mares violentos. A tripulação – a que não fora arrastada borda fora – lutava furiosamente para cortar o emaranhado do cordame partido e das vergas inutilizadas. Todas as velas haviam desaparecido, feitas em tiras ou levadas pelo vento que ululava. No entanto, o seu casco movia-se na água mais ligeiro que nunca, quando vogava a todo o pano. Com uma quase regularidade, o vento ou o mar, indiscriminadamente, atiravam com uma daquelas pobres almas para as águas em fúria. Os homens lutavam uns com os outros para tomar conta das bombas. Os manípulos das bombas eram tudo quanto havia para eles se segurarem. Tinham os rostos cobertos de sangue devido ao impacto da água salgada. Os que se atreviam a abrir os olhos naquela força de vento, ficavam instantaneamente cegos. Por último veio o inevitável fim. Não de súbito, mas sim devagar – se é que num furacão qualquer coisa pode acontecer devagar. A quilha do Genovese roçou na orla exterior dos rochedos de Banner. As pranchas da frente começaram a ceder. Primeiro uma das pranchas da frente, depois uma da ré. As bombas tornaram-se inúteis, foi lançada a âncora. Com ela caíram 6 homens pela borda fora. Toneladas de ouro e prata tombaram no oceano através do sempre crescente número de buracos abertos no casco. O resgate de um rei espalhou-se no mar. Quando por fim o galeão se desfez sobre um recife de coral, só meia dúzia de homens conseguia sobreviver. Agarraram-se aos destroços do casco até o mar e os ventos amainarem e os salvadores os encontrarem. Estava-se a 23 de Agosto de 1730.
A perda do Genovese foi um dos primeiros naufrágios no banco Pedro, que fica a cerca de 50 milhas a sul da ponta oeste da Jamaica. Através dos anos, mais de uma dúzia de barcos têm sido vítimas destes traiçoeiros baixios.
Fonte: Livro “O Mistério do Triângulo das Bermudas” de Richard Winer
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