Louis Giontoli, de quarenta e um anos de idade, era aviador veterano da Segunda Guerra Mundial e da Guerra da Coreia. Depois de deixar o serviço activo, voltou para Milwaukee, onde fez a sua vida como caixeiro-viajante. Vivia com a mulher e um filho nos arredores de Brookfield. Larry Garres, de vinte e nove anos, era estudante de Milwaukee Branch, da Universidade de Wisconsin, tal como Dick Basset, de trinta e dois anos; Milton Adams, de trinta e seis; Tom Nugent, de trinta; Frank Ellison, de quarenta e um; Raoul Benedict, de trinta e cinco; Duane Brooks, de trinta e dois; E Norman Mimier, de trinta e quatro. Viviam todos em Milwaukee ou nos arredores. John Lazenby ia de visita à mãe, que vivia em Isla Gold Trailer Park, em Miami. Era aviador de primeira classe da Base da Força Aérea de Ramey, em Porto Rico e estava de licença. Estes homens têm uma coisa em comum – os cabeçalhos do Miami Herald de 7 de Junho de 1965, onde se lia «Avião vindo de Homestead desaparece ao largo das Bahamas».
Os acontecimentos que se desenrolaram até acabarem nestas linhas começaram quando o major Louis Giontoli levantou voo com o seu C-119, um avião de carga, da General Mitchell Field, em Milwaukee, às 10 horas de Sábado, 5 de Junho de 1965. O seu co-piloto era o tenente Lawrence Gares. Ambos eram reservistas da Força Aérea, tal como os outros sete homens a bordo do aparelho. A sua missão era entregar e instalar um motor de substituição noutro C-119. da sua esquadrilha (a 440ª Troop Carrier Wing) na base da Força Aérea na ilha do Grand Turk. Quatro destes nove homens eram os técnicos que iriam trocar os motores. Devia haver uma paragem durante a viagem. Seria para meter combustível, na base da Homestead Air Force, na Florida. Nessa tarde, às 19 horas e 47 minutos, o bimotor levantou voo de Monestead em direcção ao aeroporto de Grand Turk. Iam dez homens a bordo, pois o aviador Lazenby pedira para o levarem de volta à sua base, em Porto Rico. Eram ideais as condições de voo quando descolaram. Porém, logo que o aparelho penetrou na «zona de penumbra» do Atlântico aumentaram os aguaceiros, com raios e trovões. Mas as tempestades ainda estavam bastante dispersas para que o avião pudesse evitá-las. A rota que seguiam era conhecida na Força Aérea como «Yankee». Era o corredor aéreo destinado a voos militares entre Homestead e Porto Rico e as bases das ilhas entre esses dois pontos. O C-199 devia aterrar na Grand Turk às 23 horas.
Às 22 horas e 4 minutos, comunicou a sua posição, nas proximidades da ilha de Crooked. Mais ou menos à mesma hora, outro C-119 que voava para noroeste, em direcção à Florida, seguiu a mesma rota. A sua tripulação referiu-se mais tarde a aguaceiros «com muitos relâmpagos».
Pouco depois das 22 horas e 30 minutos, o operador da torre de controlo da Grand Turk captou uma transmissão de rádio, truncada, originária de algures a nordeste da ilha. Se a comunicação era do major Giontoli nunca se saberá. Às 23 horas e 45 minutos, a guarda costeira de Miami foi informada de que o C-119 não chegara ao Grand Turk.
Às primeiras horas de Domingo, a guarda costeira, a Força Aérea, e a Marinha tinham treze aviões pesquisando uma área de duas mil milhas quadradas ao norte da Grand Turk. Nada se avistou. Sete aviões continuaram a busca pela noite adiante. Na Segunda-Feira, trinta e três aviões e sete navios estenderam as pesquisas para além da ilha de S.Salvador, em direcção ao norte e para o sul, para os lados da República Dominicana. A busca cobriu setenta e sete mil milhas quadradas.
O avião que se perdera devia ter ficado sem combustível às 4 horas e 30 minutos de Domingo. Mas é improvável que se mantivesse no ar tanto tempo, pois podia ter comunicado durante esse período, ou até mesmo voltado a Homestead com o combustível que lhe restava. O C-119 transportava uma jangada para vinte homens, que seria muito facilmente vista do ar. Na altura em que se julgava perdido, as condições do mar eram ideais para um avião amarrar. No entanto, o coronel Leonard Dereszynski, vice -comandante da 440ª afirmou: «Nunca se amarou com um C-119. De facto, nem sequer os livros o recomendam.»
«Se o avião tivesse explodido no ar, havia de se encontrar restos dele em qualquer parte» – disse o capitão Hardy F. Lebel, um dos pilotos que participou nas buscas. «E se era feito de uma peça única, no momento do choque devia quebrar-se com o impacte na água e devíamos encontrar os destroços. Se o avião não explodiu, alguém devia ter saído lá de dentro.»
Segunda-Feira à noite, Lebel e a sua tripulação viram uma luz que cintilava. Tratava-se de um barco de pesca que saíra da sua rota. Mais tarde viram um clarão, mas verificaram que não passava de uma ilusão. Na Terça-Feira à noite, as buscas foram altamente dificultadas pelo mau tempo que fazia na área.
Um piloto afirmou que Giontoli podia ter-se afastado da rota devido às interferências de rádio de Cuba que fazem com que os instrumentos de navegação funcionem mal. Já outros pilotos o experimentaram.
No entanto, de volta a Milwaukee, a senhora Dorothy Giontoli, esposa do major, descreveu a espera como terrível. Mas disse: «Tudo o que podemos fazer é ter esperança e ser optimistas.»
A mulher do sargento Morman Mimier, disse: «Ele deve voltar.»
A senhora Frank Ellison, mulher do sargento-ajudante, declarou: «Temos a certeza de que Deus toma conta dele.»
A mulher do sargento-ajudante Milton Adams chorava e gritava: «Não me parece verdade. Parece-me que não pode acontecer. Não pode acontecer.»
A mulher do capitão navegador Richard Basset disse que a incerteza que envolvia o destino do marido era difícil de suportar: «Sinto-me completamente apática – disse ela. – Não posso pensar que não estejam a empregar todos os esforços possíveis.»
Outra esposa disse: «Não há nada que se possa fazer. É questão de tempo.»
Às 20 horas de Quinta-Feira, 10 de Junho, quando o aparelho nº 25889 desceu da Base da Força Aérea de Ramey, depois de horas de buscas do seu avião gémeo desaparecido da 440ª, a busca foi cancelada. O major Harry Anderson, de Minneapolis, a sua tripulação e os outros aviões haviam pesquisado milhares de milhas quadradas de oceano. Todos os aparelhos informaram não ter encontrado nada de importância. A guarda costeira de Miami encerrou a busca com a seguinte declaração: «Uma busca de cinco dias e cinco noites provou-se infrutífera. Não há qualquer hipótese plausível.» O chefe George Schiffer da Repartição de Relações Públicas do 7º Distrito da Guarda Costeira disse que o caso não seria encerrado até que se soubesse qualquer coisa sobre o destino do avião desaparecido.
«Indícios do avião da morte encontrados no mar» era o título do News de Miami, dois meses depois, a 17 de Agosto. O guarda-costas Diligence relatou que haviam sido encontrados uma roda e outros objectos, com o nº 2860, referente ao C-119 perdido. Ulteriores investigações provaram que de facto pertenciam ao C-119. O avião 2860 era o único C-119 em missão nessa altura. As deteriorações e a vegetação marítima indicavam que os objectos haviam estado no mar não mais de dois meses. Não havia qualquer indicação do que acontecera ao avião. Presumiu-se que os dez homens tinham morrido. Elaboraram-se muitas opiniões e teorias quanto ao desaparecimento do C-119. Durante muitos anos alguns escritores de histórias sobre o «Triângulo» consideraram a perda como um outro estranho incidente. No entanto, até ao dia em que o mar desvendar o segredo do C-119, só se pode aceitar o que disse a guarda costeira no último dia de pesquisas: «Resultados negativos. Não há qualquer hipótese plausível.»
Fonte: Livro “O Mistério do Triângulo das Bermudas” de Richard Winer
Índice do Triângulo das Bermudas: https://paradigmas.online/?p=5039