Quase todos os relatos do «Triângulo das Bermudas» se têm referido ao Sno’ Boy, barco de 63 pés, de Kingston, na Jamaica, que desapareceu perto do banco Pedro com cerca de 35 a 57 pescadores e tripulação. O Sno’ Boy já várias vezes estivera condenado. Os relatos só dizem que desapareceu no «Triângulo» quando seguia de Kingston para Northeast Cay, com 40 pessoas a bordo. Não há referência a correntes traiçoeiras ou a recifes de coral abundantes na área de Northeast Cay, nem sequer ao mau tempo.
O barco largou de Kingston na Terça-Feira, 2 de Julho de 1963, capitaneado por Louis Tole. Nunca foi estabelecido exactamente quantos homens iam a bordo quando se dirigia para Northeast Cay, que é uma língua de terra na parte nordeste do pérfido banco Pedro. O Sno’ Boy era um barco ASR (air-sea rescue) transformado, usado para salvar aviadores que tivessem caído e homens do mar em perigo, antes de para este fim se adoptarem os helicópteros. Com os seus 2 motores Packard ou Hall-Scott de origem, o ASR tinha a possibilidade de ultrapassar 40 nós utilizando 40 galões de combustível por hora em cada motor. Os que os compravam aos Governo, tal como Robert Braman, de Miami, dono do Sno’ Boy, habitualmente substituíam os motores a gasolina, de alta velocidade, por diesels, mais lentos, mas mais económicos. Os cascos eram construídos com uma dupla camada de pranchas, para aguentar o embate do mar. O seu perfil era semelhante às maiores lanchas PT. De facto tanto se pareciam um com o outro que a maior parte das «lanchas PT» no filme «PT-109» eram ASR disfarçados. Braman alugara o barco a Bryon Hill, de Kingston, que em cooperação com o Governo da Jamaica o utilizava para promover a indústria da pesca daquele país.
A 4 de Julho, o Sno’ Boy foi dado como desaparecido, com 55 pessoas a bordo. No dia seguinte, a Marinha comunicou que se tinha salvo. Devido ao mau tempo procurara refúgio num pequeno porto.
Dois dias mais tarde, a Associated Press dava o barco como ainda desaparecido. O erro da primeira informação era resultado da localização de um barco ASR semelhante que pertencia à Marinha da Colômbia e que se refugiara num pequeno porto.
Dez aparelhos do porta-aviões Wasp juntaram-se a grande número de navios para participar nas buscas. Ainda se desconhecia quantas pessoas iam a bordo do barco desaparecido na viagem ao banco Pedro. A 6 de Julho, o comandante do porto de Kingston anunciou que o barco de pesca Marsotana encontrara o que podia ter sido um tampo de mesa do Sno’ Boy a duas milhas e meia a nordeste de Northeast Cay.
A 7 de Julho, o contratorpedeiro Malloy informou que andava a recolher destroços, incluindo secções de pranchas diagonais, partes de uma roda de leme, coletes salva-vidas, almofadas de portas e um corpo, numa área de 15 milhas quadradas, a 50 milhas a sul da Jamaica. O porta-voz da guarda costeira afirmou que, pelas provas evidentes, o Sno’ Boy ou fora engolido pelo mar alto ou se quebrara num recife. Pela condição dos salvados tudo indicava que a última hipótese era a mais provável. Assim, mais um «insolúvel» mistério do «Triângulo das Bermudas» pode ser considerado como nunca tendo sido um verdadeiro desaparecimento. Tratava-se simplesmente do caso de um barco de 25 mil dólares, carregado em excesso e de tal modo que ficou ingovernável quando apanhado por uma tempestade perto dos recifes do banco Pedro. Levava a bordo pescadores, 19 toneladas de gelo, tambores de água e gasolina, alimentos e provisões e molhos de varas de bambu. A dinga e a jangada salva-vidas foram encontradas mais tarde, mas não havia qualquer indicação de terem servido. O único mistério que envolve o Sno’ Boy é saber-se quantos homens levava a bordo para a sua sepultura aquática – 36, 40, 55, 57?
O Sno’ Boy juntou-se ao Genovese num dos numerosos cemitérios de navios perdidos das Caraíbas, mas não desapareceu no «Triângulo das Bermudas».
Fonte: Livro “O Mistério do Triângulo das Bermudas” de Richard Winer
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