Depois dos últimos artigos publicados sobre o que aconteceu a aviões a hélice neste misterioso sector do Atlântico, provavelmente pensarão nos possíveis infortúnios que os aparelhos devem ter encontrado – mau tempo, erros humanos, anomalias do oceano, anomalias magnéticas, mau funcionamento estrutural ou mecânico. Pode ter sido qualquer destas coisas – ou talvez algo diferente. Mas o que diremos sobre o jacto capaz de voar com qualquer interferência criada pelos Fenómenos do oceano? A 28 de Agosto de 1963, o «Triângulo das Bermudas» entrava na época do jacto.
Dois KC-135 aviões-tanque estratosféricos estacionados com o Nineteen Bomber Wing, do Comando Estratégico do Ar na Base da Força Aérea de Momestead, na Florida, rolavam na pista para levantar voo. Basicamente uma versão militar do jacto 707 os aviões-tanques estratosféricos iam ser os dois primeiros jactos a juntar o seu nome à ambígua crónica do «Triângulo das Bermudas». Os dois aviões levavam a bordo uma tripulação de onze homens. Quando levantaram voo o seu destino era secreto.
Ao meio-dia, informaram, pela rádio, que estavam a 335 milhas a sudoeste das Bermudas – depois, silêncio. Todas as tentativas para estabelecer contacto falharam. E mais uma vez uma vasta acção de busca foi iniciada. Nesta altura houve provas evidentes: uma grande porção de destroços foram localizados não longe da última posição dada pelo avião. Um dos pilotos que tomou parte na busca descreveu a área como «uma sucata flutuante». O guarda-costas Owasco chegou ao local para recolher os despojos. A 29 de Agosto, a Associated Press anunciava que três salva-vidas – cada avião devia levar dois – tinham sido encontrados. Na continuação das buscas não se deparou nem com sobreviventes nem com corpos. Assentou-se que os aviões, voando em formação, tal como deviam, haviam sido vítimas de colisão aérea, e a busca foi encerrada.
No entanto, menos de quarenta e oito horas mais tarde, a 31 de Agosto, uma segunda concentração de destroços de KC-135 foi encontrada – mas a cento e sessenta milhas do primeiro local, que se situava numa área aproximadamente a quatrocentas milhas a leste de Fort Pierce. O guarda-costas Chiola estava no local, mas tivera dificuldades de comunicações, o que em si é um mistério, visto o barco ser apetrechado com o mais moderno equipamento. Haveria qualquer relação entre a avaria dos rádios do Chiola e a perda dos dois aviões?
Os dois KC-135 voavam em formação e não perdiam o contacto, quer visualmente quer pelo radar. Comunicavam um com o outro periodicamente pela rádio até se afastarem no ar, depois de terem informado a última posição. Porque é que o rádio do outro avião não emitiu um sinal de perigo quando o primeiro caiu? Porque é que se encontraram três jangadas salva-vidas no local do acidente, quando só se deviam ter encontrado duas?
No entanto, os destroços resgatados em ambos os locais foram definitivamente considerados como pertencendo aos dois aparelhos que faltavam, pela identificação de certos pedaços, incluindo capacetes marcados dos aviadores, e ainda não há explicação para a distância entre as duas áreas. Poderiam ter atingido uma das regiões do «Triângulo» consideradas «zonas mortas», onde as condições atmosféricas tornam inoperáveis as comunicações? Os Fenómenos respeitantes ao rádio ainda se mantinham quando o Chiola chegou ao segundo local? Sabe-se que estas zonas existem. Mas os seus efeitos são limitados a áreas de algumas milhas e não abarcam a distância que separava as duas zonas onde se encontraram os destroços dos KC-135. O segundo aparelho deve ter atingido uma zona limpa, poucos minutos depois de o primeiro cair. As frequências de rádio também podem ter sido dirigidas para outros canais, pois as «zonas mortas» só afectam determinados comprimentos de onda, e um canal atingido num dia pode estar livre no dia seguinte. Tanto os aviões como os navios podem ligar para ambas as frequências e as antenas cooperarem com as «zonas mortas».
Alguns amadores da teoria dos OVNIs conjecturam que um terceiro aparelho de origem desconhecida inutilizou os rádios de ambos os aviões e destruiu o primeiro. O segundo conseguiu voar ainda cento e cinquenta milhas antes de ser apanhado e por sua vez destruído.
Mas a explicação mais plausível é que os dois aparelhos tiveram um funcionamento deficiente nos sistemas de oxigénio e pressurização, com uma pequena diferença um do outro, em resultado de atingirem uma altitude demasiado elevada ou devido a falhas mecânicas. Há casos documentados disto ter acontecido com jactos militares, em que as tripulações sucumbiram e os aviões continuaram a voar durante várias horas guiados pelos pilotos automáticos, antes de se esmagarem contra o solo. Se bem que isto não passe de uma hipótese, parece ser a única explicação razoável para que um dos aparelhos não pudesse transmitir qualquer sinal durante as últimas cento e sessenta milhas.
Parece evidente que qualquer coisa aconteceu às tripulações dos dois KC-135, antes de os aviões caírem. Mas a pergunta mantém-se: Donde veio a terceira jangada salva-vidas encontrada no local da primeira queda?
Fonte: Livro “O Mistério do Triângulo das Bermudas” de Richard Winer
Índice do Triângulo das Bermudas: https://paradigmas.online/?p=5039