Triângulo das Bermudas: o Raifuku Maru

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A viagem do cargueiro Raifuku Maru
A viagem do cargueiro Raifuku Maru

A história marítima do Japão está cheia de lendas de monstros marinhos, demónios e navios fantasmas. Mas os mares do Japão ficam a grande distância do “Triângulo das Bermudas“. A tripulação do cargueiro Raifuku Maru sem dúvida que se congratulou quando, em Janeiro de 1925, assinou um contrato que os levaria das águas frias da sua pátria às águas quentes das Caraíbas e do Atlântico tropical e possivelmente a Nova Iorque.

O Raifuku Maru fez uma viagem sem acidentes através do Pacífico, do Canal do Panamá e das Caraíbas. Mas quando o navio passou pelas Bahamas, a tripulação achou que os estranhos acontecimentos eram mais do que lenda nas águas do Atlântico Ocidental, pois as últimas palavras que se ouviram do cargueiro Raifuku Maru foi a mensagem em código:

“Agora o perigo é como um punhal. Venham depressa!” Depois silêncio.

Que acontecera ao barco japonês? Durante a primeira metade de 1925, pelo menos dez outros grandes navios desapareceram no Atlântico Ocidental. Seis saíram de Newport News e nunca mais se ouviu falar deles. Falou se em pirataria em massa. Mas se o Raifuku Maru tivesse sido atacado pelos piratas a palavra “pirata” teria sido mais rápida e mais simples de transmitir. Um OVNI? Os ufologistas têm descrito objectos em forma de pires, cigarros ovais mas nunca qualquer que se assemelhasse a um punhal.

Uma explicação mais aceitável do que qualquer outra é a de uma tromba marítima. Há diferenças de opiniões entre os meteorologistas quanto à força destruidora de uma tromba marítima. Observar uma é uma estranha experiência. Mas estar a bordo de um navio que seja apanhado por uma é uma experiência que ultrapassa qualquer descrição.

Imagine-se o leitor viajando nos mares subtropicais a bordo de um pequeno cargueiro. Os porões vão cheios de blocos de betão, barras de aço e sacos de cimento. A carga do convés é de pilhas de pranchas de madeira seguras com correntes ligadas a tensores e esticadores. A carga é destinada a um complexo turístico construído numa ilha particular das Índias Ocidentais. Durante os dois últimos dias as condições do mar têm sido ideais. Ventos de oito a dez nós têm permitido estar sentado sob o toldo da popa da casa do leme, descansando a maior parte do tempo.

Mas esse vento fresco desapareceu. A esteira do navio é a única mancha na superfície do mar, que parece um espelho. A velocidade de seis nós mal dá a impressão do movimento do ar.

à frente, a sudeste, uma linha de nuvens cinzentas amontoam-se. Dentro em pouco todas essas nuvens de juntam numa só. A sua cor cinzenta começa a escurecer. As camadas superiores parecem atingir a estratosfera onde se estendem em forma de bigorna. A inferior é quase recta, a não ser em certas zonas, que aparenta desta serra.

Dentro de poucos minutos uma das extremidades desce lentamente para a superfície do mar. O navio move se mais depressa. A zona pontiaguda desce cada vez mais em direcção ao mar. Já se não assemelha a um canino. Parece mais a lâmina de um punhal. Quase a entrar na água parada.

O navio aproxima-se. Outro punhal ergue se do mar em direcção ao primeiro. Juntam se numa massa única. Move se agora através da água. O fenomenal acontecimento aterroriza de tal maneira, que só agora o leitor percebeu que o capitão deve voltar o navio pois o cargueiro está numa zona de colisão com a grande massa cinzenta escura em forma de funil.

Se bem que não seja mulato, os traços do capitão indicam que algures na sua linhagem negra houve um antepassado branco. O seu perpétuo uniforme consiste em sandálias de borracha, calções, que lhe chegam aos joelhos, que parecem desafiar a gravidade, a não ser que estejam seguros por uma enorme prega na barriga, e um usado boné de oficial com a palavra “Capitão” a ouro entrançado por cima da pala. O boné deve ter resistido a muitas tempestades, viagens, zaragatas, e a outros capitães. O chefe hondurenho impressiona-nos por ser um conjunto de jovialidade. Mas na sua face gorducha há uma ruga de tenacidade.

O barco mantém a sua rota. e no mar o tornado também. A confrontação entre o homem e a natureza é inevitável. O fenómeno espectral e o navio convergem. O ritmo firme do velho diesel é abafado pelo rugir do tornado. A não ser o capitão e o homem do leme, não há mais ninguém no convés. A tripulação fugiu para baixo. O homem do leme agarra se com mais força enquanto o leitor entra na casa do leme. O capitão fica cá fora na ponte. O roncar assemelha se ao som de um comboio expresso caminhando ao seu encontro. Não, é o som de doze expressos. A visibilidade desapareceu. É como se o navio tivesse entrado numa das cataratas do Niágara. Aconteceu qualquer coisa no tombadilho. Não se pode dizer o quê.

Em menos de meio minuto o dilúvio esvaiu-se e o mar voltou à sua normalidade, mas o navio não. A madeira que ia no convés está agora no mar, deixando atrás de si um rasto no oceano à medida que o vencedor da confrontação se afasta. Grande número das coberturas das escotilhas também desapareceram. A amurada do navio é uma massa de metal torcido. Os portalós de aço, de mil libras de peso, foram arrancados dos seus lugares e atirados para o convés. O capitão, escorrendo sangue e nu, está sentado no tombadilho, com as pernas e os braços agarrados a um pilar. Ainda sorrindo comenta quão fresca estava a água salgada. O resto desse dia e o dia seguinte são passados a recuperar a madeira e os portalós que caíram ao mar. O leitor assistiu a uma tromba de água. De uma experiência real do autor.

Como o próprio mar, as trombas marítimas são imprevisíveis. Tem havido incidentes de navios que as encontram e que passam incólumes.

Noutras ocasiões tem acontecido terem sucumbido a estes tornados marítimos. As medidas feitas com teodolitos documentam a evidência de trombas de água que atingiram colunas com mais de oito mil pés de altura e um diâmetro de mil e quinhentos pés. Teria a tripulação do Raifuku Maru, nunca tendo visto uma tromba marítima, concebido o turbilhão de uma, devido ao pânico, “como um punhal”?

Fonte: Livro “O Mistério do Triângulo das Bermudas” de Richard Winer

Índice do Triângulo das Bermudas: https://paradigmas.online/?p=5039

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