Mari Larsson tinha 38 anos quando foi morta por múltiplos golpes de machado na cabeça, na noite de 17 de Outubro de 2004. O seu ex-companheiro invadiu a sua casa, na pequena cidade de Piteå, no norte da Suécia, e ficou à espera. O trágico e brutal assassinato de uma mãe de três filhos mal foi noticiado pela imprensa sueca e mesmo o jornal local só deu uma cobertura modesta.
No mesmo dia, um homem de 40 anos com três filhos, que também vivia no extremo norte da Suécia, foi morto por um urso enquanto caçava. O seu nome era Johan Vesterlund, e ele foi a primeira pessoa vítima de um urso na Suécia desde 1902. Esse evento brutal, trágico e crucialmente raro recebeu cobertura maciça por todo o país. Na Suécia, um ataque fatal de urso é um evento que acontece uma vez por século. Enquanto isso, uma mulher é assassinada pelo companheiro a cada trinta dias. Trata-se de uma diferença de 1.300 vezes em magnitude. Ainda assim, a ocorrência de mais um assassinato doméstico mal foi registada, enquanto a morte na caçada tornou-se uma grande notícia. Apesar do que cobertura jornalística possa nos fazer pensar, cada morte foi igualmente trágica e horrenda.
Apesar do que o noticiário nos possa fazer pensar, as pessoas interessadas em salvar vidas deveriam estar muito mais preocupadas com a violência doméstica do que com os ursos.
Parece óbvio quando se compara os números.
A isto se chama “viés mediático”.
Gostariamos de adicionar o seguinte:
No preciso momento em que publicamos este artigo, e desde o início do ano de 2020, foi registado o seguinte número de mortes segundo a sua causa:
61.144 causadas pela COVID-19.
125.976 causadas pela Gripe.
254.136 causadas pela Malária.
2.127.881 causadas pelo Cancro.
3.363.500 mortes causadas por doenças.
Viés mediático?
Ao contrário do que se possa pensar nos dias actuais, todas as mortes causadas por doença são igualmente dolorosas e devastadoras, tanto para a própria pessoa, como para as que lhes são chegadas.
O artigo COVIDA à reflexão.