Vladimir Durov, artista de circo especializado em domar animais, era capaz de fazer com que seus bichos realizassem qualquer coisa que desejasse. Dizia que o seu sucesso devia-se, em parte, à habilidade de estabelecer contactos mediúnicos com eles. Essa declaração acabou por chegar aos ouvidos do professor W. Bechterev, chefe do Instituto para Pesquisas do Cérebro, em São Petersburgo.
Intrigado, Bechterev testou as afirmações de Durov com a ajuda de um cãozinho Fox-Terrier, chamado Pikki. O procedimento consistia em Bechterev escolher uma série de ordens, transmiti-las a Durov, que iria segurar a cabeça do pequeno animal nas mãos, olharia bem dentro de seus olhos e passaria as instruções para o cérebro do animal.
Na primeira tentativa, Bechterev sugeriu que Durov fizesse o cachorro pular para uma cadeira, saltar para a mesa ao lado e, de seguida, raspar as patas no quadro posicionado em cima dela. Durov transmitiu as instruções para o cérebro de Pikki, o procedimento levou vários minutos e o cachorrinho começou a caminhar.
“Após alguns segundos, Pikki pulou da cadeira, correu rapidamente para a outra junto à parede e pulou sobre a pequena mesa redonda, ficando em pé nas patas traseiras. Depois aproximou-se do quadro e arranhou-o um pouco com as patas dianteiras”, relatou Bechterev.
Por intermédio das instruções de Durov, Bechterev descobriu que até ele era capaz de se comunicar com Pikki.
No entanto, o famoso cientista não pôde descartar a possibilidade de que ambos estivessem, mesmo involuntariamente, estimulando o cachorro por movimentos oculares. Assim, Bechterev enviou, posteriormente, dois colegas para que trabalhassem com Durov e Pikki em Moscovo. Durov explicou o seu procedimento que utilizava para transmitir ordens ao animal, e os cientistas realizaram experiências, utilizando vendas nos olhos ou máscaras de metal no rosto. A despeito do uso desses utensílios, Pikki respondia sempre às ordens mentais.
Mas ficou a pairar o seguinte enigma: Durov podia realmente comunicar-se com o cachorrinho, transmitindo instruções mentais ao cérebro do animal, ou será que Pikki era de facto um animal mediúnico?